domingo, 11 de dezembro de 2011

 Os primeiros imigrantes, discriminados e enganados por não falar português, preferiam se trancar em suas casas
Edir Marli Foeger
O preconceito racial afeta a todos. O racismo é a crença existente dentro do ser humano que se considera superior a outro grupo, fazendo com que haja a discriminação.
O racismo existente na sociedade é a persistência de ideias do passado que subdivide a raça humana em piores e melhores, essa concepção adquirida ao longo do tempo é ensinada através da relação de poder e de dominação que um grupo exerce sobre o outro. Tal ideia sobrevive na atualidade enquanto fruto da ignorância.
Orgulho pomerano. Várias tradições pomeranas têm sido mantidas ao longo do tempo. A principal forma de manter a cultura está sendo a língua que é passada de geração em geração, também é o caso da culinária de pratos típicos, como a sopa de pêssego, e o milhabraut (pão), os grupos de danças e bandas que fazem parte da Pommerfest, realizada na primeira semana de setembro em Melgaço Domingos Martins. "Essa valorização aconteceu da década de 80 para cá. Antes, nós não percebíamos a riqueza das nossas tradições", diz Hilda Braun, ex-professora.
O orgulho pomerano é bem recente. Vinte anos atrás, o termo "pomerano" era pejorativo, usado como sinônimo de gente tacanha, rude e grosseira. Isolados entre as montanhas os pomeranos se escondiam dentro de casa ao avistar gente estranha. Tinham medo porque não falavam o português e ainda hoje encontramos cidadãos pomeranos que não falam o português na comunidade. Outra razão de serem fechados ocorre devido a permanência das lembranças da expulsão de suas terras. Essa maneira de ser do pomerano levou-os a serem discriminados durante muito tempo. "Sofremos uma espécie de racismo de pele branca", define Ismael Tressmann. Hoje, toda forma de preconceito foi condenada pelo tempo: os pomerânios casam-se com pessoas de diferentes etnias, alemães, italianos e afrodescendentes, embora tenham suas preferências pelos próprios pomeranos. Percebe-se que existe um contato maior entre os pomeranos e outras etnias no trabalho e convívio social.
Manter a tradição não é a única dificuldade da cultura pomerana. Por terem uma pele branca e a grande maioria das famílias trabalharem em lavouras onde o sol os castiga sofrem com o câncer de pele. Cerca de 90 por centro dos examinados recentemente pela Universidade Federal do Espírito Santo e pela Associação Albergue Martim Lutero acusavam fotodermatoses, lesões que podem se transformar num câncer de pele se não for tratado.
A intoxicação por agrotóxicos que atacam o sistema nervoso central é outro grave problema que ainda os atinge, apesar da conscientização realizada pelas igrejas e escolas.
Aos poucos se percebe a inserção dos pomeranos na vida social, este fator está sendo adquirida graças ao acesso a educação, pois visualizamos mudanças nas comunidades pomeranas com a intervenção da igreja e eles próprios sentem a necessidades de buscar a escolarização para seus filhos, pelo fato de até pouco tempo atrás o camponês pomerano não considerar os estudos importantes para o seu dia a dia no campo.


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