sábado, 30 de julho de 2011

Os novos movimentos sociais


Willer Tavares Alves

A atuação dos movimentos sociais foi elemento de grande importância nas transformações da realidade política e social de diversos países em todo o mundo. Melhorias na vida do trabalho, conquista de direitos, derrubada de regimes políticos autoritários são exemplos notórios da relevância da articulação dos indivíduos, que rompendo o isolamento e o individualismo, conseguem mobilizar ações com grande capacidade de pressão.

Dentro de uma abordagem clássica esses movimentos sociais estão associados majoritariamente à exploração da força de trabalho e às desigualdades produzidas por ela, o que demandava principalmente a luta por políticas sociais e direitos trabalhistas.

Todavia, a complexificação das relações sociais em virtude do processo de expansão e consolidação capitalista e da globalização, provocaram nas sociedades modernas a necessidade do reconhecimento de novos direitos e de políticas públicas voltadas para o reconhecimento da identidade de determinados grupos sociais chamados de “minorias” (MELUCCI apud BRASIL, 2011).

Esse novo contexto ocasiona o surgimento dos denominados “novos movimentos sociais” que se caracterizam basicamente por possuírem, diferentemente dos antigos movimentos sociais, um modelo teórico baseado na cultura, que concebe os sujeitos como atores sociais e destacam a política como dimensão da vida social. Além disso, é importante relatar que eles refutam a ortodoxia marxista, e busca uma nova forma de fazer política e relacionar-se com o Estado, dispensando o caráter clientelista que marcam as antigas relações. Trava-se agora uma luta pelos direitos sociais. Essa correlação íntima com o poder estatal é substituída pela utilização da mídia e protestos, entre outros meios de pressionar o Estado.  (GOHN, 2007).

Os novos movimentos sociais abrem espaços para atores sociais e culturais que não estavam na cena pública e não tinham visibilidade, como as mulheres, negros, jovens, índios e outros (GONH apud BRASIL 2011).

Gohn destaca também a influência dos movimentos sociais na criação dos Conselhos de políticas públicas originários da Constituição Federal ou mesmo os conselhos comunitários. Esses espaços apresentam grande importância política, pois possibilitam a participação popular nas decisões do Estado, constituindo um forte instrumento de controle social competente para acompanhar todo o ciclo de formação das políticas públicas.

Constituem também um lócus de intensa disputa de interesses presentes no interior da sociedade civil e do Poder Público. Ressalta-se que a composição da sociedade civil é heterogênea, englobando movimentos sociais, ONG’s, representações empresariais, igrejas, os quais estratégias a fim de potencializar sua capacidade de pressão sobre os agentes públicos e influenciar na formação agenda a ser cumprida pelo Estado.

Dessa forma, os movimentos de gênero estão inseridos nessa nova configuração dos movimentos sociais. A sua capacidade de articulação e inserção midiática são essenciais no atendimento de suas demandas, especialmente no que se refere à construção de políticas afirmativas capazes de desconstruir o processo histórico de desvalorização de determinados grupos sociais, a exemplo das mulheres e negros.

Os movimentos sociais têm papel relevante na mobilização da sociedade e no acesso universal aos direitos de cidadania em sua integralidade. A participação social é o caminho para a cidadania e para viabilização de uma redefinição inovadora no cenário político e cultural no Brasil, que assegurará um país mais justo, menos preconceituoso e desigual.

Referências
BRASIL. Políticas Públicas e promoção da Igualdade. Módulo I. Brasília: Secretaria de Políticas para Mulheres, 2010.

GONH, Maria da Glória. Teoria dos Movimentos Sociais: Paradigmas Clássicos e Contemporâneos. 6.ed. São Paulo: Loyola, 2007.

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