Edir Marli Föeger
Ao observar a realidade do interior do município de Domingos Martins principalmente nas regiões onde há uma concentração maior da população pomerana campesina, da qual faço parte e convivo diariamente, se observa que as mulheres ainda são desvalorizadas para a participação no desenvolvimento da sociedade.
Conforme as observações e a convivência se percebe de que não há dúvidas que as mulheres rurais são duplamente discriminadas: por sua condição de mulher e de trabalhadora. Elas realizam dupla ou tripla jornada de trabalho, tendo que conciliar sua vida em casa e na roça, e mesmo assim, seu trabalho rural não é reconhecido e respeitado. Em relação à busca do direito da igualdade através do reconhecimento Fraser afirma que “Justiça, hoje, requer tanto redistribuição quanto reconhecimento; nenhum deles, sozinho, é suficiente” (apud GPP – GeR:mod1_unidade2_texto1). Assim a igualdade social é tão importante quanto o reconhecimento das diferenças e da importância de cada grupo para o desenvolvimento da sociedade.
Conforme as observações e a convivência se percebe de que não há dúvidas que as mulheres rurais são duplamente discriminadas: por sua condição de mulher e de trabalhadora. Elas realizam dupla ou tripla jornada de trabalho, tendo que conciliar sua vida em casa e na roça, e mesmo assim, seu trabalho rural não é reconhecido e respeitado. Em relação à busca do direito da igualdade através do reconhecimento Fraser afirma que “Justiça, hoje, requer tanto redistribuição quanto reconhecimento; nenhum deles, sozinho, é suficiente” (apud GPP – GeR:mod1_unidade2_texto1). Assim a igualdade social é tão importante quanto o reconhecimento das diferenças e da importância de cada grupo para o desenvolvimento da sociedade.
Trazendo a idéia sobre a discriminação da mulher para o cotidiano das comunidades pomeranas a questão do gênero é nitidamente vista nas igrejas, onde normalmente as mulheres sentam de um lado e os homens do outro lado. Atualmente se percebe que alguns casais mais novos estão começando a mudar essa realidade.
Outra questão observável na comunidade, na qual ainda há casos de exclusão da mulher entre algumas famílias pomeranas é na hora da distribuição da herança, pois a tradição era de que as filhas não recebiam herança de casa, apenas os homens eram os beneficiados. A legislação brasileira garante a igualdade a todos, porém apesar de não existir um caminho legal para tal situação, algumas famílias ainda utilizam essa prática devido ao costume e tradição.
Também se percebe nos finais de semana quando muitos homens vão aos bares se divertir, enquanto as mulheres ficam em casa cuidando dos filhos e fazendo seus afazeres, na espera de seus maridos para o almoço ou o jantar.
Durante a semana as mulheres enfrentam a mesma rotina, onde normalmente são as primeiras a se levantarem para fazerem o serviço de casa e cuidar dos filhos para juntos irem com o marido e os filhos (que não estão na escola) trabalhar na lavoura. Na hora do almoço cuidam da casa e da criação, enquanto os homens assumem os serviços externos, como: consertar um galinheiro, pregar uma porta, buscar ração para os animais, etc., assim à tarde retornam a lavoura. À noite novamente cuidam de seus afazeres de casa e dos filhos, enquanto os maridos cuidam dos serviços externos, e há casos ainda que muitos homens buscam se divertir nos "botecos" depois do trabalho.
O camponês pomerano possui uma relação forte com o trabalho. Ramlow (2004), descreve que o trabalho é considerado pelos camponeses, descendentes da cultura pomerana como algo seguro, necessário para a sobrevivência.
Durante a semana as mulheres enfrentam a mesma rotina, onde normalmente são as primeiras a se levantarem para fazerem o serviço de casa e cuidar dos filhos para juntos irem com o marido e os filhos (que não estão na escola) trabalhar na lavoura. Na hora do almoço cuidam da casa e da criação, enquanto os homens assumem os serviços externos, como: consertar um galinheiro, pregar uma porta, buscar ração para os animais, etc., assim à tarde retornam a lavoura. À noite novamente cuidam de seus afazeres de casa e dos filhos, enquanto os maridos cuidam dos serviços externos, e há casos ainda que muitos homens buscam se divertir nos "botecos" depois do trabalho.
O camponês pomerano possui uma relação forte com o trabalho. Ramlow (2004), descreve que o trabalho é considerado pelos camponeses, descendentes da cultura pomerana como algo seguro, necessário para a sobrevivência.
A relação que as famílias têm com o trabalho, pode ser explicada a partir da fala de Willis
Força de trabalho é a capacidade humana para trabalhar sobre a natureza com o uso de instrumentos para produzir coisas para a satisfação de necessidades, e para a reprodução da vida. O trabalho não é uma atividade humana universal, imutável e trans-histórica, ele assume formas e significados específicos em diferentes tipos de sociedade (apud WEBER 1998, p.88).
Nas famílias pomeranas campesinas todos os membros trabalham na lavoura, porém muitas das mulheres pomeranas não têm direito a opinião sobre o trabalho e há casos onde sofrem caladas de violência doméstica, pois vivem submissas aos homens, por não terem uma formação para viverem independentes, acabam se sujeitando a submissão e na maioria das vezes não são reconhecidas, nem consideradas pelos "homens" e muito menos pelo Estado.
A distribuição de papéis sociais, de acordo com o gênero masculino e feminino, leva a uma caracterização de que o grupo social tende a apresentar uma relação de dominação do homem sobre a mulher (WEBER 1998, p. 87)
Vale ressaltar, que é um grupo que tem a sua cultura preservada, portanto se percebe que muitas atitudes vistas na realidade local ocorrem pelo fato da própria tradição cultural e de costumes.
De acordo com RAMLOW (2004), trata-se de um povo que mantém seus valores e tradições trazidas pelos seus antepassados que vieram da Europa para o Brasil, em busca de melhores condições de vida.
Segundo Tressman (2006), estima-se que a atual população descendente pomerana no Espírito Santo gire em torno de 120 mil pessoas e em termos de Brasil, talvez ultrapasse 300 mil imigrantes pomeranos que mantiveram o uso da língua, as suas festas com seus rituais e danças, além dos costumes culturais, os ritos de passagem como confirmação (crisma), casamento, morte e a continuidade da tradição oral camponesa.
O machismo é uma questão impregnada nos costumes e valores herdados nas famílias camponesas pomeranas, essa herança faz com que a formação dos indivíduos ocorra dentro de moldes conservadores, onde vêem a mulher muitas vezes como ineficientes para atuar em alguns setores ou assumir determinadas responsabilidades. É a famosa submissão da mulher.
É preciso implementar políticas públicas, voltadas para as mulheres do campo adquirem a consciência dos seus direitos, lutando por eles, diminuindo as injustiças, as desigualdades sociais e democratizando o acesso a igualdade de condições de gênero, raça e etnia, a fim de uma maior valorização dentro da sociedade. Vale analisar, junto com homens e mulheres os comportamentos, as atitudes, as crenças, os valores, as normas, as regras e os códigos criados pela cultura, pela tradição de uma sociedade conservadora.
Observa-se que a Igreja Luterana sempre teve um papel fundamental na vida dos camponeses pomeranos, ajudando-os na preservação de sua cultura, dando continuidade às tradições de rituais considerados importantes pelo grupo.
Conforme RÖELKE (1996), WEBER (1998) e RAMLOW (2004), os pomeranos, em sua maioria, são membros da igreja Luterana, sendo que a mesma exerce maior influência sobre o pomerano do que as demais autoridades.
Assim compete também à igreja realizar um trabalho que possibilite as mulheres uma consciência da importância de "movimentos de mulheres" para adquirirem no coletivo a sua liberdade de opinar e os direitos da igualdade. Pois, o desejo de igualdade é conquistado através dos movimentos sociais que buscam políticas que assegurem os direitos de cada cidadão.
A realidade mostra que já existem alguns avanços, principalmente de pessoas que tem oportunidades de adquirir conhecimentos formais, porém não é suficiente para a reversão do quadro de desigualdades e exclusão existente na comunidade.
Observa-se a necessidade de uma organização de movimentos para o grupo citado acima, pois o que se evidencia neste contexto é uma distância entre o ideário de igualdade e o cotidiano, como também mitos de inferioridade feminina desencadeando processos de exclusão.
Observa-se a necessidade de uma organização de movimentos para o grupo citado acima, pois o que se evidencia neste contexto é uma distância entre o ideário de igualdade e o cotidiano, como também mitos de inferioridade feminina desencadeando processos de exclusão.
Faz-se necessário redefinir os horizontes de igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, brancos e negros, estabelecendo políticas públicas explícitas de inclusão de gênero e raça.
Na realidade a mulher campesina no geral precisa desenvolver o senso crítico, serem sensibilizadas para a importância dos movimentos sociais organizados por grupos normalmente excluídos que desenvolvem processos, constroem estruturas, organizam territórios das mais diversas formas. O movimento social conscientiza as pessoas de seu isolamento e lhe dá identidade, dignidade para a busca de seus direitos.
Certo de que este estudo é apenas início de uma discussão acerca da participação da mulher no processo de luta para o fim da discriminação de gênero e o racismo, além de redefinir o papel de mulheres e homens no cotidiano desses sujeitos, assim como, fortalecer o significado da luta e das mulheres para a sua emancipação.
Referências:
Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça | GPP – GeR: módulo I / Orgs. Maria Luiza Heilborn, Leila Araújo, Andreia Barreto. – Rio de Janeiro : CEPESC; Brasília : Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2010.
RAMLOW, Leonardo. Conflitos no processo de ensino-aprendizagem escolar de crianças de origem pomerana: diagnóstico e perspectiva. 2004. Dissertação (Mestrado em Educação). Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2004.
RÖLKE, H. R. Descobrindo raízes: aspectos geográficos, históricos culturais da Pomerânia. Vitória: UFES. Secretaria de produção e difusão cultural, 1996.
TRESSMAN, Ismael. O Pomerano: uma língua da família germânica e subfamília baixo-saxão. Apostila do Projeto de Educação Pomerana (PROEPO), 2006.
WEBER, Gerlinde Merklein. A escolarização entre descendentes pomeranos em Domingos Martins. Dissertação (Mestrado em Educação)- Programa de Pós Graduação em Educação, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 1998.
Parabéns pelo texto Edir. Muito bom o blog!
ResponderExcluirFernanda Reinholtz